Uma obra de Susano Correia compõe a capa.

 

Uma seleção especial de álbuns brasileiros, feita para conversar com o tempo e com as versões de nós que ainda permanecem.

 

Alucinação, por Belchior

 

 

"Alucinação pelo seguinte: eu acho que até agora a gente tem feito uma arte de evasão e eu quero que meu trabalho seja um trabalho de confrontação com o real, com a realidade. Eu acho que a realidade é uma verdadeira alucinação."

Lançado em 1976, Alucinação é o segundo álbum de estúdio do cantor e compositor cearense Belchior. Um disco que atravessa o tempo não apenas por suas canções, mas pela lucidez cortante com que encara o cotidiano e os dilemas existenciais de uma juventude à deriva no Brasil dos anos 70.

Com clássicos como Apenas um rapaz latino-americano, Como nossos pais e Velha roupa colorida, o álbum se transforma em um inventário emocional de uma geração que, entre o fim dos anos 60 e a década seguinte, buscava reinventar-se diante de um país em ebulição.

Belchior não canta para fugir da realidade, mas para atravessá-la. E como ele mesmo disse na música homônima: “A minha alucinação é suportar o dia a dia e meu delírio é a experiência com coisas reais.”

Um disco para ouvir de olhos fechados, como quem conversa com o tempo e com as versões de si que resistem.

 

Alvoroço, por Leny Andrade

 

 

Lançado em 1973, Alvoroço é um verdadeiro êxtase sonoro na voz inconfundível de Leny Andrade. Em suas onze faixas, o álbum carrega a essência de um Brasil tensionado pela ditadura, mas que encontrava na música um território de invenção e resistência.

O repertório, majoritariamente inédito à época, transita por diferentes atmosferas e influências, conduzido por arranjos sofisticados e ousados de nomes como Arthur Verocai, Francis Hime e Wagner Tiso.

Alvoroço é uma experiência singular. Cada faixa propõe uma travessia única, nutrida por sonoridades que bebem do samba-jazz, da MPB e das experimentações que marcaram a época.

Um disco para quem gosta de se perder no tempo e se reencontrar na música.

 

Noturno Copacabana, por Guinga

 

 

Lançado em 2003 pela gravadora Velas, Noturno Copacabana é o sexto álbum do compositor, violonista e cantor Guinga.

Com sonoridade intimista, conduzida pela instrumentação acústica do violão, contrabaixo, sopros, percussão e cordas, o artista traz alguns de seus aspectos mais sofisticados como, evidenciado em “Samba Canção com Gershwin, a inexistência de fronteiras, trazendo seu aspecto característico de fusão.

Noturno Copacabana é um álbum sobre percepção. Guinga transforma o cotidiano e a atmosfera urbana em música, propondo composições que são pequenos retratos sonoros da vida em seus detalhes mais discretos.

 

Aos Vivos, por Chico César

 

 

Gravado em 1994, em formato voz e violão, na Sala Guiomar Novaes (Funarte), em São Paulo, Aos Vivos é o disco que projetou Chico César nacionalmente. Lançado no ano seguinte, o álbum reúne participações expressivas como Lenine e o guitarrista Lanny Gordin, acrescentando texturas ao lirismo visceral do cantor.

Misturando as origens nordestinas de Catolé do Rocha com a efervescência urbana de São Paulo, Chico César entrega um álbum que desafia categorias e busca “modernidade onde, aparentemente ela não está, mas onde sempre esteve”.

Um disco que une poesia, ritmo e vida em estado bruto,  e reafirma o compromisso do artista com o gosto pela vida.

 

Minas, por Milton Nascimento

 

 

Lançado em 1975, Minas é o sétimo álbum de estúdio de Milton Nascimento. O título originou-se da sugestão de um garoto chamado Rúbio, que uniu as primeiras sílabas de “Milton” e “Nascimento”  e como consequência acabou batizando uma das obras mais emblemáticas da música brasileira.

Com arranjos de Wagner Tiso e supervisão musical de Milton e Ronaldo Bastos, o álbum reúne instrumentistas excepcionais como Novelli, Paulinho Braga, Nivaldo Ornelas e Toninho Horta. As faixas transitam entre coros infantis, guitarras frenéticas, silêncios estratégicos e letras que, de forma sutil, refletem a dimensão política e social do país.

Minas é um disco que conduz o ouvinte por paisagens sonoras atemporais, onde a voz de Milton serve de guia em uma experiência profundamente sensível, crítica e poética.

 

Que a experiência te encontre bem,

Seeds Studios.